segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Olha que coisa mais linda a caminho do mar...

Acabamos de chegar da nossa primeiríssima viagem! Fomos a Salvador ao casamento da incrível tia de Manú, Renata Mesquita, agora assinando também Quadros. Que o casamento chocou de tão lindo e de tão verdadeiro, eu poderia falar. Que a energia indescritível da Bahia continua todinha lá, também poderia falar. Que eu descobri haver coisa pior ainda do que o meu pânico de avião - eu com pânico do avião tendo um bebê berrando no colo -, também é uma das historinhas dessa viagem que dava pra contar.
Mas, no meu arquivo emocional desses últimos dias, o que não me sai da cabeça mesmo é o encontro da Manú com o mar. Aquela coisinha minúscula branquela tocando seus mais minúsculos ainda pezinhos no colossal banhado do mar. Ele, que de vida sabe tanto, lambendo pela primeira vez as pegadas cambaleantes do que eu comecei entender de vida: minha pequenininha. Ela desconfiou, se assustou; ensaiou chorar. Ele fez que não era nada. Veio e voltou, espumando em branco de seu modo costumeiro. Ela foi se soltando, entregando aos poucos àquela banheira gigante suas pernocas, seus bracinhos, o corpinho inteiro. Desde os braços do pai, deixou-se ali por uns momentos. Não chegou a fazer farra, nem mesmo sorrir. Compenetrada, ficou só nessa primeira paquerinha com o mar - mar que, desconfio, lá em suas geleiras, se derreteu um pouquinho mais diante de tanta gostosura...
Segue abaixo o videozinho que a gente fez desse momento.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008


Há algum tempo surgiu essa conversa entre amigas:


Que filho precisa do amor de seus pais pra que fique tudo bem, ninguém discorda. Mas que precisa também ser um tanto esquecido por esses mesmos pais, poucos atinam (ou admitem).

A negligência, claro, escandaliza mais. Não podia ser diferente; suas conseqüências são indiscutivelmente terríveis e odiosas. Além de mais óbvias. Mas o exagero na atenção também causa seus males - talvez não menos terríveis.

O amor - ou a paixão, melhor dizendo - parece sempre caminhar na borda desse precipício: o perigo da febre desmesurada pela outra pessoa. Febre que não perdoa e vem sempre mofar o relacionamento: é inevitável faltar ar. Acontece toda hora no amor-romântico. Mas, repare bem, acontece também muito entre pais e filhos.

Tenho visto ser muito fácil, mas muito fácil mesmo, passar da dificuldade em lidar com a novidade de se ter um filho para a total obcessão por ele. Quer dizer, nem sei se a relação é a de sucessão mesmo entre uma coisa e outra; escrevendo agora, me pareceu mais capaz de ser uma coisa conseqüência da outra... Sei lá, o fato é que é daqui pra ali que a gente se enfia nesse enredo fadado à dor - nossa, do filho, da família.

O negócio é que amar alguém (ou pelo menos conduzir esse amor para a construção de uma coisa legal) implica em muito mais que não só "consumir" o outro ou se "consumir" para o outro. Exige que solidões, espaços, vãos sejam abertos, cedidos, dados de presente. Mesmo que dê cócegas, saudade, vazio, carência, ciúme. É a antiga lição: quem ama deixa livre! Não é fácil. Pede consciência, treino, recomeços, perdões. Parece que nossa tendência natural é só ter dois botões mesmo: liga 100% ou desliga 100% em relação a essas que são as pessoas essenciais da nossa vida (desliga?!). Continuar 100% mas, freqüentemente, descansar (e deixar descansar) no modo "poupando energia" é uma sabedoria a ser aprendida.

Em certas circunstâncias, isso é relativamente tranqüilo pra mim. Mas, em outros vários momentos, preciso fazer uma força danada pra "abandonar" Manú e deixá-la se ver um pouco sozinha com sua própria vidinha. Tenho convicção ser esse o caminho sadio. Não posso estar o tempo todo com ela, ter toda a minha atenção, meu prazer concentrado nela. É ruim pra mim; é péssimo pra ela.
"Preciso mostrar pra Manú que a vida é boa", foi uma frase que soltei outro dia e uma amiga minha tem sublinhado pra mim de vez em quando. Acho mesmo que essa seja uma das minhas maiores obrigações com minha filha. E pra isso eu preciso estar ligada no mundo, nos prazeres que ele traz, na vida afora a nossa. Preciso "esquecê-la".
ps: segue fotinha da dona do pedaço, que, a essa altura, já dá gargalhadas!