sábado, 3 de maio de 2008
Dói!
Minha tentativa de definição hoje pro sentimento de ser mãe passaria por algo assim: dói, meu deus, dói muito. É tum-tum-tum na porta o tempo todo. Mas eu não tô falando em dor, tô falando em sentir algo doendo - o que me parece poder ser sutil mas substancialmente diferente. Com doer quero dizer a sensação permanente de algo agudo latejando, da cabeça aos pés, do lado de dentro e do lado de fora, acusando sem trégua sua presença, sendo urgente, sendo pra ontem, sem chance de passar, sem cura. Esqueça, o bicho do amor louco te pegou, cravou a unha bem no meio do seu peito. O feeling é esse, que adoeci e que não tem mais jeito, viverei na palma da mão dessa doença boa que me sustentará. Não consigo mais me imaginar normal, tranqüilinha, bonitinha, assentadinha (nem infeliz, diga-se de passagem). Algo em mim desalinhou, encostou no infinito. Parece que, ali na sala do parto, acabei ouvindo um sussurro da vida com a vida que não podia: mais uma filha, mais uma louca que nascem (o par só pode ser esse, filha-e-louca; mãe-e-filha é puro disfarce). Tenho me lembrado muito das paixões da adolescência. Acho que já até coloquei isso antes aqui. Tem muito a ver: aquela certeza que o ar vai acabar se ele não olhar pra cá agora, se ele não entrar imediatamente por aquela porta, se esse bendito telefone não tocar. Pois é, filha, olha onde você foi colocar sua mãe. Do lado de fora do mundo, embolada neste tecido de que é feito a gente. Um lugar onde não existem mais as palavras, só esse tum-tum-tum do meu coração inteirinho dentro do teu.
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9 comentários:
Nossa Bia, que lindo!!! Os seus posts estão a fazer par com minha alma. Quando acordo cinza, leio algo sobre dias ruins. Quando acordo colorida, tem poesia pra me alegrar. Hoje, o dia amanheceu cor de laranja mamão! João desde ontem se aventura no mundo das frutas. Que coisa colorida, que intenso vê-lo experimentar a vida, saboreando-as pela primeira vez...
Caraca, que poeta!!!!
Que lindas palavras!!!
Doeu de ler! Ai... :D
O Renato Russo fez a música e agora vc sente. É amor, é descontentamento descontente. E isso deve ser bom demais. mil beijos de quem te ama.
Que Deus te abençôe filha, que tenha hoje, e sempre, o que mais falta me faz. Que seja mãe mesmo, não a melhor, mas a que você conseguir ser, com todas as suas virtudes e o melhor exemplo de vida que puder dar à Manú.
Mil beijos do teu
Pai
Bia,
Fala sério, que post é este?
Foi uma das coisas mais emocionantes que já li na minha vida!
Como escrever tem sido o centro (ou descentramento) de minha vida agora, tenho pensado muito em sua escrita, tão particular. ADORO!
Você está VIVA!
Beijos,
Renata Versiani
Bia, é mesmo uma delícia ser mãe...Curtir esses pequeninos, velar o sono deles e cheirá-los? Nossa é maravilhoso. Lembro que quando o meu era bbzinho, recém-nascido, eu o colocava para dormir e ficava olhando aquele milagre e chorava... Chorava de emoção e felicidade... E o amor que a gente sente por eles só aumenta. Parabéns. Boa sorte!!! Trícia Rocha Brito
Oi Bia,
Adoro ler seus textos, são muito envolventes e sem aquela "hipocrisia lúdica" sobre o assunto.
Estou amando!
Aproveita e qdo tiver um tempinho e olha o blog do João Pedro - nosso baby - www.2008joaopedro.blogspot.com
bjs
Bia,
e então, sem posts? Tô sentindo falta...
Te mandei um e-mail tb.
Adorei o comentário do seu papi. Já entendi de onde vem tanta sensibilidade em vc...
Bj, Dani
Bem vinda!!
Beijocas
Carol
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