quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

Sumi!



Podia tranqüilamente botar a culpa nas festas de fim de ano que seria perfeito. Desculpa ou não, todo mundo parece ganhar uma certa moratória pra desaparecer sem ter que dizer muito o porquê nessa época do ano (não me contenho em exclamar que pena não ser bem assim o resto do ano, com o quê vejo o quanto essa história da (falta de) liberdade me é assustadoramente recorrente...).
Mas não é verdade. O fim do ano foi, pra nós aqui de casa, sem a cobrança da pirotecnia típica em razão da neném, ameno e fácil (e, talvez exatamente por isso, dos mais legais).
A verdade está no eixo desse blog: minha menininha. Tá tudo ficando tão bom, mas tão bom e só bom ao lado dela, que a necessidade de "caverninhas", como este espaço aqui, cedeu pra mim.
abobadamente apaixonada pela história de ser mãe (e eu que sempre senti nostálgicas saudades das paixões de adolescência... Mal sabia da força do que ainda estava por vir.).
Não me sai da cabeça aquele título do livro da mãe do Cazuza "Só as mães são felizes". Lembro quando li esse título em alguma prateleira de livraria. Me intrigou. Não só, me irritou um pouco. Achei meio limitado e puxando pra essa coisa careta de se achar que felicidade tem fórmula, com meia dúzia de acontecimentos imprescindíveis na vida pra ser considerada atingida.
E eis-me aqui confessando concordância com a frase. Com a ressalva da generalização, pois só posso falar da minha experiência, isso sempre. Eu é que honestamente nunca me vi tão feliz quanto agora, mãe.
Até que sempre me considerei uma sujeita feliz; os problemas topados por aí sempre estiveram na média e eu sempre senti um tesão danado pela vida, em suma. Mas, sem exagero, percebo agora que isso era um pálido rascunho de onde eu poderia chegar ou, melhor dizendo, onde ser mãe iria um dia me colocar.
Não é a Manú pela Manú. É o que ela abriu aqui dentro de mim. A imagem que me vem é de uma cachoeira do Iguaçu (acento?) represada por enormes e potentes muros que só deixavam escapar por entre uma ou outra rachadura um fiapo aqui ou ali d'água. Tudo bem que um fiapo da catarata do Iguaçu é água pra caramba - por isso, talvez, a sensação de que não era fiapo, mas uma razoavelmente volumosa fonte, bastante pra tudo. O fato é que esse muro desabou e, agora sim, eu descobri a força da catarata inteira que existia ali, atrás dos muros. É um amor, é uma vontade, é uma compreensão, é uma doçura, é uma sensibilidade inéditos, neste grau, pra mim. As pessoas, minhas pessoas, outras pessoas, meu mundo, outros mundos, todos estão mais coloridos, serenados, leves, simples, acessíveis, convidativos. O que é importante tem sido importantíssimo. O pequeno tem milagrosamente se recolhido à sua insignificância. O amor tá ocupadíssimo em só amar, sem muita ideologia nem delongas, amando pra valer e sem muita explicação. Como diz Zeca Baleiro, ando pensando em bater na porta do vizinho, mandar flores pro delegado, beijar o português da padaria.
É, sem dúvida, a melhor versão que eu já consegui tirar de mim mesma. Com certeza, em 13 de outubro passado não foi só Manú que nasceu... (=

ps: segue fotinha das duas próximas "felizes"...





2 comentários:

Mariana disse...

A cada post minha admiração por você aumenta. Eu preciso loguinho arrumar um editor pra esse blog, porque ele precisa virar livro, de tanta delicadeza, leveza, pureza... Você é mesmo mto "eza" e o melhor é a tal cert"eza" que você tá sempre por perto. Que beleza!!!
Mari

Eu disse...

Adoro seus textos!
Beijo,
Raquel