sábado, 15 de março de 2008

Humm... Interessante!

Não se podia esperar outra coisa desse tão podrinho mundo nosso do que não deixar nem mesmo nossos bebezinhos livres da cobrança da beleza. Assim que Manú nasceu, era impressionante perceber a ansiedade de algumas pessoas para medi-la, nesse aspecto, dos pés à cabeça. É assim com todo mundo por aí; inocente achar que fosse ser diferente com os pequenuchos. Tudo bem, releva-se. Faz parte do lado sombra da vida e da gente mesmo. Mas eu não deixo de ficar pensando... Que história diferente escreveríamos se toda essa neurose pela beleza física fosse dirigida pra outra coisa: imagine, ao invés dessa "endeusação" do ser belo e perfeito, o imperfeito interessante. Aliás, seria também mais inteligente, pois se tem algo que faz a diferença na vida de alguém certamente não é a beleza, mas sim o tanto que se é, digamos, interessante - o que pode até vir acompanhado da beleza, mas com certeza a prescinde. Pense em academias e academias na cidade com o objetivo de... te deixar mais interessante! Ser interessante, ou seja, um bom sujeito, leve, espirituoso, gentil, correto, com um jeito gostoso de gargalhar, falar, de andar, de dançar, quem sabe, um papo bom, bom-humor, um cacoete engraçado, umas neuras de estimação, uma bandeira qualquer, um poço mais fundo no olhar, um talento, um ouvido esperto... (Enfim, aquele cara que se quer sempre estar na mesma mesa de bar que a dele). Tão pouco a gente pode fazer pelo nosso, e pelos dos nossos filhos, invólucro (pelo menos sem correr o risco de um artificialismo ridículo)! Tanto a gente pode fazer pela nossa, e deles, capacidade de se tornar mais interessante! Que maravilha seria viver numa cultura onde essa aqui de fora recebesse mais trégua, desprezo até; onde houvesse sabedoria, tempo, olhos mais atentos pra caçar os gigantes de dentro...
Manú até que é bem lindinha. De uns ângulos mais, outros menos. Uns dias mais, outros menos. As pessoas às vezes me falam isso e eu fico, sim, envaidecida. Mas o que me explode de alegria mesmo é quando vejo nela, desde já, uma garotinha interessante. Curiosa, simpática, sorridente, ávida pelas coisas, topa-tudo, pouco exigente. Se conseguir seguir por aí, não tenho dúvida do destino feliz da minha filhota. Mais: de sua colaboração pra que esse mundo seja um tantinho mais... interessante!

Um comentário:

Dani Guima disse...

Ai, Bia, que delícia de texto! Estou numa correria muito louca de trabalho, mas sempre arranjo tempo de passar por aqui. Porque é um alívio ler suas reflexões, me ver nelas e me libertar um tantinho mais dessas prisões imaginárias!

Me diga uma coisa: vc já voltou a trabalhar?

Beijo grande e pitoca na Manu!