domingo, 27 de abril de 2008
Contando à Camila, ela deu nome aos bichos: o negócio, Bia, é que a gente é muito hedonista e egoísta. Foi um certo alívio ouvir isso. Primeiro pela nossa apresentação - qualquer mal identificado, só por isso, já começa a melhorar. Segundo pelo "a gente" utilizado. É, talvez eu possa mesmo dividir estes "créditos" com uma geração inteira, uma época, um meio social etc. o que dá uma folguinha ao meu sempre vigilante superego. O fato é que tenho me visto às vezes vergonhosamente bastante jururu com as concessões que tenho que fazer por ser agora mãe de uma criança. Do jeitinho que eu temia que pudesse acontecer. Exemplifico. Esse fim de semana estaríamos em BH pra um super casamento de um amigão do Patrick. Só nós dois, curtindo e namorando, como a gente vem tanto precisando. Ia dar pouco mais de 24 horas fora, mas eram 1.440 e tantos minutos que estavam sendo planejados com a maior empolgação. Fora a festa, fiquei dias pensando se aproveitaríamos o tempo pra hibernar dormindo ou se, ao contrário, faria tudo e mais alguma coisa que tivesse rolando em BH. Pesquisei na Veja BH. Descobri que tava rolando campeonato de comida de boteco. Imagina se gostamos disso... Anotei endereços, montei toda a nossa programação. Beto e Ciça iriam junto com a gente também sem a filha - companhia melhor não haveria. Manú iria ficar com minha mãe, pela primeira vez tanto tempo, que tava feliz da vida com o fim-de-semana "all-inclusive-vovó". Tudo soando perfeito. Pois bem. Eis que de sexta pra sábado, Manú desenvolve do nada uma diarréia, sapeca em mim dois vômitos e marca 38, quase 39 graus, no termômetro. Ficou, tadinha, irritada, chorosa, dormiu mal, claro. E quem tem coragem de embarcar pra outra cidade? Nem pensar. Resultado: todo mundo lá, inclusive o pai (que não havia necessidade de também ficar e perder o casamento do amigo), e eu aqui. O mal-estar dela já passou, graças a Deus, mas o meu não - me sinto péssima de ter me sentido péssima por ter ficado. Mas é isso aí. E escrever aqui é uma tentativa mesmo de, assumindo isso, crescer nessa história (e, quem sabe, consolar um pouco alguém que um dia se veja na mesma situação). De fato, ser mãe tem sido a maior escola da minha vida. E eu acabo de tirar um MI feio na prova... A sorte é que não há escola com mais provas de recuperação que esta no mundo, para as quais eu preciso mais é, ao invés de só lamentar, me apressar em aprender logo a lição! (;
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3 comentários:
Bia,
a minha experiência pessoal tem me dito que não dá para apressar em aprender logo a lição... faz parte a gente se sentir assim, meio que roubadas da nossa individualidade e egoísmo. E isso dói. Mas aí, no minuto seguinte, recebemos um super sorriso banguela e ficamos embriagadas de recompensamento. Acho que não existe uma linearidade - seremos super felizes de ser mães, ou super tristes de ter perdido as delícias da vida sem filhos. Tem um pouco de tudo nisso daí, a gente curte um pouco, lamenta um pouco, viaja quando dá, deixa com a vovó e toma um fôlego bom e volta para casa morrendo de saudades... é tudo junto ao mesmo tempo. Desisti de me sentir só bem sobre ser mãe, sabe? Assim como não dá para se sentir só feliz de sermos casadas com nossos maridos, ou 100% sobre nossa escolha profissional. O lance é ir passeando por essas situações sem se colar muito nem com as coisas boas, nem com as coisas ruins. E curtir o momento presente! Seja com ou sem nossas pequenas por perto! :D
Beijo grande para você, Bia!
PS: Tô também caindo pelas tampas de sono. Já tem 4 noites que Rafaela tá super gripada e acorda toda hora. Tô nesse vai-e-vém de emoções, igualzinha a vc! hehehe. Mas, é isso aí: um dia de cada vez!
:D
E assim a Manuzinha
Que também queria ir
Trocou noite pelo dia
Nem precisou pedir
-Mama só pode namorar
Quando eu puder andar
E for lá pro meu vovô
-Que lá sim eu vou brincar
Sem febre, sem vomitar
Sem diarréia e sem dor
Bia, você tem SS como mãe. E quem vai te dar esse SS é nada mais que a própria Manú. Tenho certeza que ela, lá do alto dos seus 30 e poucos anos, vai olhar pra trás, vai ler esse blog lindo, e vai pensar: "que mãe maravilhosa eu tive e tenho!". Se você deixou de ter uns cuidados aqui e ali, foi procurando acertar. Se foi um tiquitito egoísta, qual o problema? Todo mundo é um pouco. O mais importante é que sempre esteve cônsia de tudo isso, o que faz do seu erro um erro muito bem acertado e do seu egoísmo um egoísmo altruísta. Você pra mim também é SS, tá!!! Amo você sempre.
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