terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Filhosofando...


"Por quê/pra quê ter um filho?" é pergunta, acho, da mesma família de "por quê/pra quê a gente vive?", estando no mesmo balaio também de coisas do gênero "de onde viemos?", "pra onde vamos?", "o que realmente fazer de importante nesse meio tempo?". Perguntas sem resposta - ou melhor, abertas pra tantas possíveis que objetivamente não se pode apontar nenhuma, ficando pra cada um o dever de casa de arquitetar a própria (simplória ou panfletária, com uma bela exclamação ao final ou um enigmático outro ponto de interrogação, copiada ou autêntica, espiritualista, biológica ou intelectual, sofisticada, convicta ou meio troncha). É nela que a gente vai se agarrando, se salvando, crescendo, encontrando, amando... e tendo filhos!

Olho pra pequenina Manú e penso "como foi que você veio mesmo parar aqui?" (na falta de coragem de ir mais na lata e perguntar, na verdade, como foi mesmo que eu vim parar aqui...). E já estou lá em 99, eu e o pai dela nos conhecendo, enredados na nossa improvável paixão, e tudo o mais dessa história que tinha tanto pra não dar em nada e, de repente, foi dando em tudo... Inclusive nesse 13 de outubro último, onde outro ser humano (que logo logo não vai escapar de ter que achar as suas respostinhas também), pimba!, surgiu da gente - ou, em outras palavras, da nossa aventura de tentar, em parte juntos, endereçar as tais perguntas...

Não há sentido pra se ter um filho - não ao menos desse palpável, explicável, demonstrável. Assim como não há muito sentido também em se estar vivo (e essa vida é besta, besta mesmo). Há, no entanto, o prazer. Há o realizar. Há o crescer, saber mais sobre as nossas ondas e ir atrás delas. Há pegar essa carinha aí da foto ao lado te encarando. Há tê-la no colo e sentir seu cheirinho que não existe igual. Há escrever aqui e imaginar vocês lendo. Há a dança e há a música. Há o telefone que toca com a voz da amiga querida do outro lado. Há as nossas gargalhadas. Há a nossa vontade de melhorar. Há a chuva batendo agora na janela. Há o mamá que vai rolar daqui a pouco. Há os nossos pequenos delitos, o chocolate nosso de todo dia. Há o trabalho e o tutu no fim do mês. Há o amor que arrrrrrrrde no peito. Há a vontade de ser e fazer feliz. De ir costurando um momento bom em outro melhor e em outro e em outro e em outro e assim acabar tecendo uma gostosura de vida. Sem sentido. Sentindo-se.

2 comentários:

Renata Guerra disse...

Bia, amiga linda e mãe maravilhosa.
Apesar de não saber usar as palavras tão bem quanto você, meu desejo é de preencher seus ouvidos e seu coração com palavras lindas sobre a maternidade e sobre a realidade desse novo mundo que você está conhecendo.
Queria te acalmar, te aninhar em meus braços e te confortar sempre que você precisasse.
Viva a maternidade em sua plenitude, com suas alegrias e com toda a dificuldade que lhe é peculiar (insônia, tristeza, cansaço, inseguranças, etc...).
É um momento lindo que nos transforma em algo melhor do que já fomos, principalmente quando admitimos nossas fraquezas, nosso cansaço, nossa vontade de ser nao só mãe, mas mulher, amiga e profissional.
Te amo. Amo Manú.
Adoro ouvir seus casos!!
Que saudade daquele tempo!!!

Anônimo disse...

Bia, Patrick e Manú, estamos com saudades, temos que nos encontrar de novo!
Bjs,
Ciça, Beto e Marina

Ps: Bia, seus textos estão ótimos! Continue escrevendo muito!