quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Não é que vai passando mesmo?




Amanhã Manú completa dois meses. E, sem muita explicação, nesses últimos dias nosso tête-à-tête tem sido ineditamente só bom. Parece que o desembestado trem da coisa tá começando a encontrar seus eixos. Nem acredito.


Eu já tinha ouvido de muita gente "vai passar". E não é que duvidava. Eu só achava que comigo provavelmente ia ser diferente e eu ia acabar sendo aquele pontinho que sempre há fora da curva.


Felizmente, bem acima do meu pessimismo, caminhamos e eu cá estou deslumbradinha da silvassauro! Não que antes não estivesse feliz também - estava e muito-, mas, ó santa ambigüidade, a angústia era tamanha que pelo menos na metade das horas a decantada felicidade ficava lá guardadinha no mais cafundó de minh'alma. Passava.


O que mudou? O que fez a voz "meudeusdocéu, como é que é possível isso de eu ter agora um bebê no quarto ao lado???" virar algo como "meu Deus, eu não merecia tanto, temos um bebê no quarto ao lado!!!"?


Poderia dizer que são os sorrisos dela cada vez mais freqüentes e que me entortam de alegria (tema do post passado). Ou ela me dando língua quando faço o mesmo pra ela. Pode ter a ver com o fato dela ter descoberto o móbile do berço e agora se distrair por sagrados minutinhos com ele. Tem também o arroto que tá saindo mais fácil e as golfadas que diminuíram. A rotina do banho à noite, que tá dando certo e tem feito ela pegar no sono sem tanto custo. O jeito que eu peguei pra embalá-la e ela se esquecer de chorar. Sem falar nas esticadas do sono da noite que têm batido récorde.


Quem é mãe ou afim sabe, tudo isso são novidades maravilhosas e, claro, muito têm me relaxado.


Mas desconfio que o "x" da questão é algo pra além disso tudo. Desconfio que esses 2, 3 meses do famoso "vai melhorar" são, mais do que o tempo de um desenvolvimento do neném que traz conforto pros cuidadores, o tempo que nós, de primeira viagem, precisamos pra internalizar de verdade o looping que nossa vida deu, a mudança gigantesca que ocorreu; fazer o luto do que há de ser deixado pra trás, nos entregar sem reservas ao que tá rolando agora. É o tempo afetivo, psicológico, sei lá, que parece levar pra que giremos uma tal chave aí - no popular, pra cair a ficha geral. É o que custa, quem sabe, pra olhar pro mesmo bebê apavorante do começo e, mais do que os desafios que ele lhe trouxe, conseguir enxergar, ali óbvias, as fantásticas possibilidades que ele lhe abriu. É o que demora, talvez, pro percurso interno maternidade-casa: trazê-lo, agora pra valer, pra se estabelecer em sua vida, ocupar o seu espaço, fincar suas raízes (profundas, profundas). É o velho "se acostumar com a idéia" que, em se tratando dessa coisa louca de boa que é ganhar um filho, certamente precede o "se empolgar com a idéia" e, finalmente, o "não viver mais sem a idéia".


Enfim, só sei que, ao abrir hoje essa página pra escrever, o título "Manú e eu" nunca tinha feito tanto sentido pra mim. Sim, estamos mais juntas do que nunca, mais perto do que barriga nenhuma tinha conseguido fazer conosco. Entrei definitivamente pra turma do "passa". (;

3 comentários:

Dani Guima disse...

Aleluia!!! Viva!!!

Me arrepiei inteira lendo seu texto. Bia, prepare-se: só melhora!!! De agora em diante, especialmente dos 3 meses em diante, algo acontece como um passe de mágica. Lembro da primeira vez que deixei Rafaela no berço e consegui ler o Correio Braziliense todinho (edição grossa de domingo)!!! Nem acreditei!!! Ela ficou lá distraída com móbile, brinquedo e sonzinho! Aliás, descobri que presentes para bebês, os melhores são os que têm música! Ganhamos um radinho da Xuxa, deixo na Antena 1 e a Rafa fica lá ouvindo, por 10, 15 minutos... Inacreditável!!!
Ontem passei para uma etapa ainda mais nova: dar papinha! Um passo para uma independência a mais. Passa a mamar só de manhã e de noite, qdo firmar na papinha! Obviamente, foi toda a comida para fora e teve que mamar no peito mesmo! No meio da manhã é suco (+ mamadeira do meu leite que deixo todos os dias) e no meio da tarde, frutinha (+ mamadeira do meu leite)... mas, aos poucos, tá indo. Rafinha caminhando em direção à sua "independência" e eu, de volta um pouquinho pro aconchego da minha individualidade. Só que agora com esse plus dengoso, lindo, com dois dentinhos despontando... aquele cheiro morno de pele de bebê! Ô delícia!!!
Já já Manu vai dormir a noite toda e vc viverá a glória!
É muita felicidade que vem por aí!
Viva a Bia! Viva a Manú!!!
Beijos, Dani Guima.

Anônimo disse...

Daqui a pouco sou eu a viver tudo isso. João e eu! Não desgrudo do livro da Tracy. Nem mais consigo me concentrar nos meus processos. E hoje o tema da análise foi: a certa ansiedade que a maternidade, mais que o próprio parto me proporciona!
Deixando isso de lado, que feliz foi ter a Manú aqui no meu canto na terça! Minha irmã está encantada com Manú e ainda mais com a mãe Bia, que, segundo ela, é a mamãe mais leve que já viu na vida. Nas palavras dela: "que pessoa maravilhosa!" Disso eu já sabia, mas o melhor é enxergar que a sua bondade, sua alegria e seu desembaraço diante do novo despontam também na sua versão mãe.

Unknown disse...

Oiii,
achei seu blog por um acaso..rs
ostei muito,muito bem escrito e muito lindooo!
se puder dá uma passada no meu e deixa um recado...
camilaalencar.blogspot.com

beijos pra voce e pra Manú!
=D